terça-feira, 22 de novembro de 2011

22 de novembro: Dia do músico




22 de novembro é o Dia do Músico, todo aquele que está envolvido com a música: artistas, cantores, instrumentistas.

Os músicos exercem sua vocação e nos transportam por diversos mundos e estados de espírito. Mesmo no silêncio absoluto um detalhe muda tudo.

À noite envolvida no silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura o meu retrato
Mas na moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
E tudo isso vai fazer você lembrar de mim

Detalhes


A voz é um instrumento. Ouça essa "Força estranha":

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha no ar
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz tamanha

Força estranha


Com um violão na mão, um músico pede a paz...

Eu não vou lavar roupa suja
Num tanque de guerra com bala e canhão
E esse barulhão não combina
Com a paz dos acordes do meu violão

Quero Paz


Músicos nos levam até mesmo a ir bem longe como numa "Cavalgada"...

Vou cavalgar por toda a noite
Por uma estrada colorida
Usar meus beijos como açoite
E a minha mão mais atrevida

Cavalgada


Músicos fazem parte de nossa vida do começo ao fim e a trilha sonora desse filme nós chamamos de "Emoções"

Se chorei
Ou se sofri
O importante
É que emoções eu vivi

Emoções


Parabéns e obrigado a todos os músicos!


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

5 de outubro de 1988: Promulgação da atual Constituição do Brasil

Há 23 anos, em 5 de outubro de 1988, foi promulgada em Brasília a atual Constituição do Brasil. Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá foram transformados em Estados Federados, mantendo seus limites geográficos, e foi criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento de uma área do norte de Goiás.


Vamos ver quem acerta todos os estados brasileiros?


sábado, 13 de agosto de 2011

13 de agosto: Dia Internacional dos Canhotos

Você sabia que hoje se comemora o Dia Internacional dos Canhotos?
Ao redor do mundo os não-destros comemoram as vantagens e desvantagens de serem minoria em um mundo onde quase todos os objetos são desenhados para os destros.
De acordo com o verbete do Aurélio, canhoto significa “inábil, desajeitado e desastrado”. Outra palavra usada para designar os esquerdos é sinistro, que está relacionada ao mau agouro. Não é à toa que o dia dos canhotos é comemorado numa data bastante sugestiva: 13 de agosto.
Inteligentes, misteriosos, sinistros... Pouco importa. Ano após ano, os canhotos continuam despertando atenção. Sinistros, os canhotos aguçam a curiosidade. O número exato não se sabe, mas estima-se que cerca de 10% da população brasileira seja canhota. Apesar de ser um número pequeno, esse seleto grupo que prefere usar a mão esquerda, ao invés da direita, historicamente aguça a curiosidade das pessoas para explicar o porquê de alguém ser canhoto. Não são poucas as tentativas de explicações, inclusive com respostas que se transformaram em mitos, como por exemplo, "que quem usa a mão esquerda foi porque jogou pedra em Cristo" ou que essa condição é exclusiva de pessoas inteligentes. Mitos à parte, o que se sabe é que o canhoto chama a atenção, tanto que o dia 13 de Agosto foi dedicado para lembrá-los em todo o mundo, uma data considerada sinistra, assim como os canhotos.
A ciência não sabe porque as pessoas nascem canhotas. Apesar de muitas pesquisas desde o século 19, a ciência ainda não sabe explicar porque algumas pessoas nascem canhotas e a maioria nasce predisposta a usar a mão direita. Por muito tempo, os canhotos chegaram a ser considerados pessoas diferentes e geniais. Tudo porque alguns dos maiores expoentes da arte, da cultura e da ciência eram canhotos, ou "sinistros", como também são chamados. Esta hipótese tem pouco a ver com a verdade, porque se gênios como Leonardo DaVinci, Albert Einstein e Isaac Newton eram canhotos, por outro lado também o eram Jack, o Estripador (o famoso assassino de prostitutas que aterrorizou Londres no final do século 19), o pistoleiro Billy the Kid e a heroína francesa (meio santa, meio louca) Joana D’Arc.
A causa mais apontada para o “canhotismo” é a tendência genética. Quando ambos os pais são canhotos, a probabilidade de a criança nascer canhota é de 50%. Quando o pai é canhoto e a mãe é destra, ou vice-versa, as chances de nascimento de canhoto são de 17%. No caso de ambos os pais serem destros, as probabilidades de um filho sinistro se reduzem a 2%.
No entanto, não há comprovação de um gene que determine qual irá ser o hemisfério dominante do cérebro. Um exemplo sempre citado é o da Família Real Britânica, na qual o Rei George II, Rei George IV, a Rainha Victória, a Rainha Mãe Elizabeth e o Príncipe Charles são canhotos.

Mitos, verdades e mentiras
Em praticamente todos os continentes, crenças e lendas sobre o assunto são comuns:
- Na Grécia Antiga, o simples pronunciar “mão esquerda” era constrangedor.
- Na Idade Média, muitas mulheres canhotas foram queimadas pela Inquisição, apontadas como bruxas.
- Até mesmo na religião católica, o sinal da cruz é feito com a mão direita e Jesus está sentado à direita do Pai.
- Em alguns locais na Europa, na América e parte da África, e entre grupos de ciganos, quando a palma da mão direita coçar é sinal que a pessoa irá receber algum dinheiro; se for a palma da mão esquerda que coçar, então a pessoa perderá dinheiro.
- Na Escócia os supersticiosos acreditam que quem entra em casa pisando primeiro com o pé esquerdo acaba trazendo demônios ou má sorte para dentro do lar.
- Na tradição judaica, o Príncipe dos Demônios, que era chefe de Satanás, se chamava Samuel, ou Se’mol, uma palavra hebraica que significa "o lado esquerdo". A partir desta lenda, os esquimós têm a crença de que todos os canhotos são poderosos feiticeiros; em Marrocos, canhotos são considerados pessoas malvadas e demônios!
- Usar a mão esquerda, no Iran, é considerado uma atitude desonrosa. Assim, quando um ladrão era capturado, tinha a mão direita decepada como punição.
- Quando uma pessoa está infeliz, dizem que ela acordou "com o pé esquerdo".
- No passado, os judaicos tinham que manter-se longe da lista dos "Cem Defeitos Físicos" citados por Mai-monides. Entre eles, cegos, mancos, anões e, claro, canhotos.
- No Antigo Egito, o deus Set (que pode ser relacionado ao Satanás do Cristianismo) era também chamado de "O Olho Esquerdo do Sol", e era demoníaco e destrutivo, enquanto Horus, o Deus da Vida, era "O Olho Direito do Sol".
- No Budismo, Buda descreve que o caminho para o Nirvana (purificação e salvação) se divide em duas partes: um é o caminho da mão esquerda, que representa o jeito errado de se viver, e outro é o caminho da mão direita, digno para a purificação da alma.
- Nos países islâmicos e na Índia, a mão esquerda é considerada "suja" e as pessoas são proibidas de comer com a canhota.

Canhotos famosos 
Aécio Neves Político
Ailton Graça Ator
Alessandra Corine Ambrosio Modelo
Alex Gomes Ator
Álvaro Pereira Junior Repórter
André Nascimento Vôlei
Anna Bárbara da Fontoura Xavier Atriz / Modelo
Antônio Augusto Ribeiro Reis Jr Futebol
Antonio Carlos de Santana Bernardes Gomes Jr. Ator
Antonio Guerreiro Apresentador da TV Gazeta
Aparecido dos Reis Morais Gian da dupla Gian & Giovani
Ayrton Senna Piloto de F1
Bia Nunnes Atriz
Boris Casoy Jornalista
Bruno Laurence Jornalista
Claudia Raia Atriz
Cleiton Kurtz Willmutt
Cristiana Oliveira Atriz
Daniel Costa BBB 6
Diegho Kozievitch Ator
Edgard Scandurra Guitarrista
Enrica Duncan Atriz
Fábio Arruda  Consultor de etiqueta 
Fátima Bernardes Jornalista
Felipe Titto Ator
Fernando Meligeni Tenista
Flavia Alessandra Martins da Costa Atriz
Franck Caldeira Atletismo
Franco José Vieira Neto Vôlei de praia
Georgia Kyrillos Repórter
Gilberto Barros Jornalista
Giovana Echeveria Atriz
Giuliana Morrone Jornalista
Guilherme Vieira Ator
Gustavo Tsuboi Tênis de mesa
Henrique da Costa Mecking Xadrez
Hilton Antônio Mendonça Britto Jr. Jornalista
Hugo Hoyama Tênis de mesa
Humberto Carrão Ator
João Batista de Oliveira Figueiredo Presidente da República
João Velho Ator
José Eugênio Soares Humorista
José Maria Machado de Assis Escritor
Julia Magessi Atriz
L. S. A. De Rose Educador
Leila Gomes de Barros Vôlei e Vôlei de praia
Leilane Neubarth Jornalista
Letícia Barcelos Picado "Twiggy" Cantora
Letícia Levy Jornalista
Letícia Spiller Atriz
Luciano Szafir Ator
Lucio Sturm Jornalista
Marcelo Faria Ator
Marco Antonio Bologna Presidente da TAM
Marco Luque  CQC
Marconi Perillo Político
Marcos Bianchi MTV Rock Gol
Marcos Oliveira Ator
Maria Zilda Bethlem Atriz
Matheus Nachtergaele Ator
Maurício Ricardo Quirino www.charges.com.br
Micaela Martins Jacinto Basquete
Nelson Jobim Político
Olga Bongiovanni Jornalista
Raul Jungmann Político
Ricardo Bermudez Garcia Vôlei
Roberta Brasil BBB 6
Roberto Bruno da Silva Justi  Músico
Rodrigo Boccardi Jornalista
Romario de Souza Faria Futebol
Samantha Mendes Jornalista
Sandro Dalpícolo Jornalista
Sasha Meneghel Szafir Filha da Xuxa e do Luciano Szafir
Sérgio Dias Baptista Guitarrista
Tato Cantor (Falamansa)
Thaiane Maciel Atriz
Thomaz Belucci Tênis
Tino Marcos Jornalista
Tony Garrido Cantor (Cidade Negra)
Tony Kanaan Piloto F-Indy
Vilma Guilhermina Fernandes Negromonte Atriz
Viviane Pasmanter Atriz
Zezé Di Camargo Cantor




domingo, 17 de julho de 2011

Passeata Contra a Guitarra Elétrica - 1967

Jair Rodrigues, Elis Regina, Gilberto Gil e Edu Lobo
Há 44 anos, em 17 de julho de 1967, com o intuito de "defender o que é nosso", foi organizada em São Paulo a famosa "Passeata da Música Popular Brasileira", que entrou para a história como a "Passeata contra a Guitarra Elétrica", uma passeata contra a invasão da música estrangeira.

Uma das líderes desse movimento era Elis Regina. Gilberto Gil, meio desconfiado, também compareceu à marcha em defesa da MPB. Geraldo Vandré, Edu Lobo, Jair Rodrigues e muitos outros artistas que representavam a música brasileira à época (e até hoje) entoaram gritos contra a guitarra e a música norte-americana.

Chico Buarque não participou. Caetano Veloso, amigo de Gil, conta no documentário "Uma noite em 67" que ele também não foi à passeata, mas assistiu a tudo do Hotel Danúbio ao lado de Nara Leão.
Acho isso muito esquisito, ele teria dito.
Nara devolveu:
Esquisito, Caetano? Isso aí é um horror! Parece manifestação do Partido Integralista. É fascismo mesmo.

A tal passeata contra a guitarra elétrica se revela hoje um movimento infantil, bobalhão, como sugerem Caetano e o próprio Gil no documentário. Até mesmo "idiota", como diz o jornalista Sérgio Cabral, jurado no Festival da Record de 1967. Resgatar essa história, no entanto, revela muita coisa sobre a música brasileira.

Em 1967, a música ocupava o horário nobre da TV Record e gerava acalorados debates. A "Jovem Guarda" fazia enorme sucesso nas tardes de domingo e o programa "Fino da Bossa", apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, começava a perder espaço. O êxito de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa era, para muitos, um sinal de que a MPB estava perdendo força. E tudo isso acontecia em uma ditadura militar, o que fazia com que os debates ganhassem contornos de arena. Segundo Nelson Motta, "a Jovem Guarda representava a música jovem e a MPB, a música brasileira. E a gente se perguntava: por que não pode haver uma música jovem e brasileira?"

Três meses depois da passeata contra a guitarra elétrica, em outubro de 1967, começou a primeira eliminatória do III Festival da TV Record. Jornais, revistas e todos os meios de comunicação deram grande espaço ao evento mesmo antes de ele começar. Não faltavam elementos para tornar aquela disputa emocionante.

Caetano Veloso era conhecido pela maioria do público apenas pela sua vasta cultura musical. Duelava com Chico Buarque no programa "Esta Noite se Improvisa". No jogo, comandado por Blota Jr, ganhava quem conseguisse cantar uma música a partir de uma palavra dada pelo apresentador. O bordão "A palavra é..." se tornou famoso em todo o país. Quando subiu no palco pela primeira vez para defender "Alegria, Alegria", Caetano tinha ambições muito maiores do que o primeiro lugar. Apresentou-se com um grupo de cabeludos argentinos chamados Beat Boys que empunhava um instrumento profano para aquela plateia: guitarras elétricas. Recebeu uma imensa vaia. Entrou com uma cara furiosa e, sem pestanejar, atacou os acordes iniciais de sua música. As vaias foram baixando e alguns aplausos começaram a ser ouvidos. À medida que a música prosseguia, mais e mais vaias iam se transformando em aplausos. Caetano terminou ovacionado e, emocionado, tombou para trás. Caiu no chão de costas embevecido pelo estrondoso sucesso instantâneo. Estava provado que poderia haver uma música jovem e brasileira.

A maior surpresa musical do festival estava guardada para a segunda eliminatória. Para apresentar seu número, Gilberto Gil procurou o Quarteto Novo, composto por Hermeto Pascoal, Theo de Barros, Airto Moreira e Heraldo Do Monte. Mesmo tendo participado da passeata contra as guitarras elétricas, Gil estava profundamente influenciado pelo som dos Beatles - especialmente o disco "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" -, dos Rolling Stones e da vanguarda do rock internacional. Na sua cabeça, pipocavam ideias de mesclar as guitarras de George Harrison e Keith Richards com o violão de Jorge Ben, a sanfona de Luiz Gonzaga e os ritmos regionais brasileiros com os sons eletrônicos. Eram ideias arrebatadoras. E o Quarteto Novo não topou a encrenca. O grupo acabou acompanhando Edu Lobo em "Ponteio". O maestro Rogério Duprat, que seria o arranjador da obra-prima de Gil, sugeriu que ele conhecesse uns meninos: um grupo de jovens de extrema sensibilidade musical e, principalmente, com afinidades estéticas em relação a Gil. Dessa forma, Rita, Arnaldo e Sergio - Os Mutantes - foram convidados a tocar guitarra, baixo e cantar "Domingo no Parque". Nos bastidores do festival, o repórter da TV Record Randal Juliano entrevistou Arnaldo Baptista ao lado de Gilberto Gil e perguntou: "Qual foi a reação de vocês quando Gilberto Gil chegou e disse: 'quero vocês no meu número no festival tocando guitarra elétrica'?". Arnaldo respondeu "nós achávamos que dava certo". Deu certo. A música de Gil também começou vaiada e conquistou o público durante a apresentação. Os jurados também ficaram de queixo caído.

Na finalíssima do III Festival da Música Popular Brasileira, "Domingo no Parque" (Gilberto Gil) ficou em segundo lugar, atrás de "Ponteio" (Edu Lobo). Em terceiro lugar ficou "Roda Viva" (Chico Buarque) e "Alegria, Alegria" (Caetano Veloso) ficou em quarto.

Além da qualidade musical, o III Festival da Record teve uma influência imensa na música brasileira. Segundo Nelson Motta, em seu livro "Noites Tropicais", "é naquele momento que explode o tropicalismo, que racha a MPB, que Caetano e Gil se tornam ídolos instantâneos, que se confrontam as diversas correntes musicais e políticas da época."

terça-feira, 12 de julho de 2011

12/07/1971: "Minha Voz Virá do Sol da América" vence nas IX Olimpíadas da Canção em Atenas

Há 40 anos, em 12 de julho de 1971, a cantora Cláudia foi a vencedora das IX Olimpíadas da Canção em Atenas com "Minha Voz Virá do Sol da América", de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle.





Minha Voz Virá do Sol da América
Vamos nós defendendo nosso amor
Sem acreditar na herança que ficou
De um temor que está no céu, no chão, no mar
Na sala de jantar
No quarto de dormir
Meu amor, feche a porta e meu olhar
Quando amanhecer
Sem notícias, sem jornal
Quero um beijo teu
Teu corpo, tuas mãos
Vamos dormir no chão
Do sul da América
Sabe, meu amor
Hoje somos dois
Quase ninguém nos vê
Quase ninguém nos quer
Mas eu vou te amar
Vou te amar
E amar
E amar
E amar
E eu vou te amar
E vão saber
Vão ouvir
Escutar a minha voz
Quando anoitecer
Vão ouvir o que eu disser
Minha voz virá
Do sul da América
Do sol da América
Do sal da América
Venha, meu amor
Venha, meu amor
Venha, meu amor
Vem amar



sexta-feira, 24 de junho de 2011

24 de junho: Viva São João!

São João - 24 de junho

Um santo muito comemorado no mês de junho é São João. Esse santo é o responsável pelo título de "santo festeiro", por isso, no dia 24 de junho, dia do seu nascimento, as festas são recheadas de muita dança, em especial o forró.

No Nordeste do País, existem muitas festas em homenagem a São João, que também é conhecido como protetor dos casados e enfermos, principalmente no que se refere a dores de cabeça e de garganta. Alguns símbolos são conhecidos por remeterem ao nascimento de São João, como a fogueira, o mastro, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão.

Existe uma lenda que diz que os fogos de artifício soltados no dia 24 são "para acordar São João". A tradição acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria à terra. As fogueiras dedicadas a esse santo têm forma de uma pirâmide com a base arrendondada.

O levantamento do mastro de São João se dá no anoitecer da véspera do dia 24. O mastro, composto por uma madeira resistente, roliça, uniforme e lisa, carrega uma bandeira que pode ter dois formatos, em triângulo com a imagem dos três santos, São João, Santo Antônio e São Pedro; ou em forma de caixa, com apenas a figura de São João do carneirinho. A bandeira é colocada no topo do mastro.

O responsável pelo mastro, que é chamado de "capitão" deve, juntamente com o "alferes da bandeira", responsável pela mesma, sair da véspera do dia em direção ao local onde será levantado o mastro. Contra a tradição que a bandeira deve ser colocada por uma criança que lembre as feições do santo.

O levantamento é acompanhado pelos devotos e por um padre que realiza as orações e benze o mastro. Uma outra tradição muito comum é a lavagem do santo, que é feita por seu padrinho, pessoa que está pagando por alguma graça alcançada.

A lavagem geralmente é feita à meia-noite da véspera do dia 24 em um rio, riacho, lagoa ou córrego. O padrinho recebe da madrinha a imagem do santo e lava-o com uma cuia, caneca ou concha. Depois da lavagem, o padrinho entrega a imagem à madrinha que a seca com uma toalha de linho.

Durante a lavagem é comum lavar os pés, rosto e mãos dos santos com o intuito de proteção, porém, diz a tradição que se alguma pessoa olhar a imagem de São João refletida na água iluminada pelas velas da procissão, não estará vivo para a procissão do ano seguinte.



Fonte: http://educaterra.terra.com.br/educacao/almanaque/2005/06/14/000.htm 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O 13 de maio é mesmo uma data a ser comemorada?


Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que libertou os 700.000 escravos que ainda existiam no Brasil e proibiu a escravidão no país. Isabel ocupava então a Regência do Império do Brasil, em virtude de um tratamento de saúde que seu pai, o imperador D. Pedro II, realizava na Europa.

A data está um pouco desprestigiada desde a década de 1970, quando os movimentos negros brasileiros resolveram instituir um dia da consciência negra para ressaltar o papel dos próprios negros no processo de sua emancipação. Assim, o dia 20 de novembro, que relembra a execução de Zumbi, seria um contraponto ao 13 de maio.

De acordo com essa perspectiva, o 13 de maio seria uma data que representaria a abolição como um ato de "generosidade" da elite branca e transformaria a princesa na personagem principal da libertação dos escravos. Ao contrário, o 20 de novembro, homenageando Zumbi e o quilombo de Palmares, seria um símbolo da resistência e da combatividade dos negros, que, de fato, não aceitaram passivamente a escravidão.

Aos poucos, o dia nacional da consciência negra ganhou prestígio, até ser incluído no calendário escolar brasileiro, pelo artigo 79-B, da lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que incluiu no currículo escolar a obrigatoriedade da temática "história e cultura afro-brasileira". Tornou-se também, segundo a Agência Brasil, um feriado em 225 municípios brasileiros, inclusive São Paulo, a maior metrópole do país.

Comemorar o 13 de maio 
A questão que se pode levantar a partir disso é: há ou não motivos para a comemoração do 13 de maio? A efeméride tem, sim, seu valor histórico. Ela comemora a vitória do movimento abolicionista e do parlamento brasileiro. A campanha abolicionista, um dos maiores movimentos cívicos da história do Brasil, ao lado da campanha pelas Diretas Já, atingiu o êxito no exato momento que a princesa Isabel assinou a célebre lei.

Por outro lado, é importante ter em mente que a história trata de fatos do passado, mas as interpretações desses fatos dependem da época em que elas são feitas. O significado dos fatos, portanto, varia de acordo com as gerações de historiadores que se debruçam sobre eles e, também, segundo a ideologia que está por trás de suas interpretações.

Assim, o que se valoriza numa determinada época, pode simplesmente ser considerado menos importante ou até se pôr de lado numa ocasião posterior. Um outro exemplo da história ajuda a esclarecer a questão: a comemoração de 21 de abril, que relembra o martírio de Tiradentes só passou a existir após a Independência do Brasil. Enquanto éramos colônia portuguesa, Tiradentes não era considerado um herói, muito pelo contrário.

Depois da abolição 
Enfim, a lei Áurea serviu para libertar 700 mil escravos que ainda existiam no Brasil em 1888 e proibir a escravidão no país. Independentemente disso, não se pode deixar de reconhecer que a abolição não resolveu diversas questões essenciais acerca da inclusão dos negros libertos na sociedade brasileira. Depois da lei Áurea, o Estado brasileiro não tomou medidas que favorecessem sua integração social, abandonando-os à própria sorte.

Essa dívida social, porém, não pode ser imputada somente à princesa Isabel e à monarquia. A situação social dos negros não melhorou com a República. Sobre isso, o Estado só veio a se pronunciar com mais veemência no ano 2003, com a instituição da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, que tem desenvolvido projetos visando a inclusão social do negro.

Apesar disso, as estatísticas do IBGE ainda registram grande desigualdade em relação a negros e brancos. Alguns exemplos referentes à educação são bastante significativos. Os dados mais recentes apontam a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos de idade ou mais: 8,3% de brancos e 21% de negros.

A média de anos de estudo das pessoas com 10 anos de idade ou mais é de quase seis anos para os brancos e cerca de três e meio para negros. Enquanto 22,7% dos brancos com 18 anos ou mais concluíram o ensino médio, somente o fizeram 13% dos negros.



sábado, 30 de abril de 2011

SOBRE ERNESTO SÁBATO (24/06/1911 - 30/04/2011)



Entrevista concedida pelo tradutor Janer Cristaldo à professora Inês Skrepetz

Inês Skrepetz - Você acha que Ernesto Sábato é um intelectual humanista? Por quê? 

Janer Cristaldo - Todo intelectual sempre se pretende um humanista. Tanto os marxistas cuja filosofia massacrou cem milhões de pessoas em busca do homem novo e da sociedade justa, quanto os nazistas que mataram outros tantos em nome da pureza racial. Sábato começou sua vida como militante comunista. Certamente se considerava um humanista naqueles dias. E certamente continuou se considerando humanista quando percebeu seu equívoco e passou a criticar o comunismo.

IS - O que você entende por humanismo no século XXI?

JC - Humanismo é uma palavra-ônibus, que transporta um monte de significados. Tentando cercar a palavrinha, peço auxílio a Ferrater Mora. Resumindo: a palavra foi usada a primeira vez em 1808, em alemão (Humanismus), pelo educador bávaro F. J. Niethammer, que entendia o conceito como a tendência a destacar a importância do estudo das línguas e dos autores clássicos. A palavrinha migrou para a Itália (umanista) para designar os professores das chamadas “humanidades”. Humanista era um homem ligado às artes liberais, ou seja, história, poesia, retórica, gramática e filosofia moral.

Na época atual, segundo Mora, fala-se de humanismo para designar também certas tendências filosóficas, especialmente aquelas nas quais se põe em relevo algum “ideal humano”. Como os ideais humanos são muitos, proliferaram os humanismos. Teríamos assim um “humanismo integral” (Maritain), um humanismo liberal, um humanismo existencialista, um humanismo científico e várias outras derivações. Algumas tendências humanistas priorizam a noção de “persona”, em oposição a idéia de indivíduo. Outras se caracterizam pela noção de sociedade aberta, em oposição à sociedade fechada. Outras, por destacar o caráter social do ser humano. Outras, por colocar em destaque que o homem não se reduz a uma função determinada, senão que é uma totalidade.

Afirmar que Sábato é um intelectual humanista, não é incorreto. Mas não quer dizer grande coisa.

IS - Na obra A Resistência, escrita em 2000 (p.100), Sábato faz uma reflexão crítica ao humanismo. Estaria ele negando ou buscando formular um novo conceito de humanismo?

JC - Deste caso específico não poderia falar. É o único livro dele que não li. De qualquer forma, como todo escritor, mais dia menos dia teria de abordar o assunto. Em entrevista que me concedeu nos anos 70, Sábato dizia que Marx foi um dos que mais lutou com seus livros contra a escravidão no mundo capitalista, especialmente na Inglaterra vitoriana com a qual conviveu, e tem partes filosoficamente de valor. “Também devemos reconhecer, frente ao homem abstrato de Hegel, alheio à terra e ao sangue, a frase de Marx : ‘O homem não é um ser abstrato, fora do mundo: é o mundo dos homens, do Estado, da sociedade’. Sua consciência é uma consciência social, enunciando assim um novo humanismo frente às enteléquias iluministas e racionalistas tipo Voltaire”.

Se Sábato rompeu com o comunismo, sempre lhe resta uma certa nostalgia do marxismo. Em Três Aproximações à Literatura de nosso Tempo, escreve: “Marx enuncia os princípios de um novo humanismo: o homem pode conquistar sua condição de "homem total" levantando-se contra a sociedade mercantil que o utiliza. Ele, como Camus, descendentes de Pascal, exerceram este mesmo humanismo áspero, essa mesma repugnância pelo engano e o auto-engano, para auscultar o homem conturbado pela grande crise de nosso tempo”.

Em Homens e Engrenagens, repele o antigo conceito de humanismo: “No momento em que o humanismo se extasia com a antigüidade, no momento em que faz de seu culto um jogo cortesão e refinado, torna-se conservador e reacionário: técnicos como Leonardo, os homens que melhor representam o espírito da modernidade, verão como charlatães esses senhores que passavam o dia discutindo na Academia, esses pedantes que haviam voltado as costas à linguagem popular para entregar-se à vã ressurreição do latim, esses presunçosos que haviam deixado de chamar-se Fortiguerra ou Wolfgang Schenk para converter-se, grandiosamente, em Carteromachus e Lupambulus Ganimedes. Desta forma, o humanismo passa do tema da liberdade ao tema do dogma, ao dogma da antigüidade. E da revolução passou à reação”. 

IS - Qual a relação de Sábato com o existencialismo? 

JC - Diria que nenhuma. O existencialismo é uma corrente filosófica e Sábato, embora discuta filosofia, nunca se pretendeu filósofo nem aderiu a qualquer doutrina. Mas há muito em Sábato, particularmente em Informe sobre cegos, de um movimento artístico do início do século, o surrealismo, influência de seu convívio com Oscar Dominguez e André Breton em Paris. Em Homens e Engrenagens, confessa: "Ali, em 1938, soube que minha fugaz passagem pela ciência havia terminado. Embora o doutor Jekill ainda medisse a radiatividade do actínio durante o dia, Hyde vagava noturno e solitário pelas ruas de Paris, ou começava a escrever as páginas de um romance catártico ou se revolcava na pura irracionalidade, promovendo escândalos com os pintores surrealistas. Como compreendi então o valor moral do surrealismo, sua força destrutiva contra os mitos de uma civilização finda, seu fogo purificador, mesmo apesar de todos os farsantes que se aproveitavam de seu nome!"

Mas, escritor atento a seu tempo, também se preocupou com o existencialismo. É ainda em Homens e Engrenagens que escreve: “Tanto que naquelas cidades nórdicas, formadas em torno das fortalezas feudais, o surgimento da nova civilização iria se realizar com atributos mais bárbaros e modernos, em cidades essencialmente mercantis, com as mais típicas características do capitalismo moderno. Mas ao mesmo tempo, paradoxalmente em aparência, seriam o berço das reações mais violentas contra a nova civilização: o romantismo e o existencialismo”. 

Volta ao assunto em Três Aproximações: “O existencialismo, e em geral o romantismo, é a revolta dos elementos femininos da humanidade”. 

IS - Para Sábato, seria o existencialismo um humanismo, como defendido na obra de Sartre?

JC - Estou hoje distante da obra de Sábato, em todo caso não lembro de ter lido nenhuma declaração sua neste sentido. Verdade que em "Sartre contra Sartre ou a missão transcendente do romance", um dos ensaios das Três Aproximações, o ensaísta argentino vai dedicar seu tempo a esmiuçar o pensamento sartriano. Mas sua preocupação não é o humanismo, e sim o fato de que, em abril de 1964 Sartre renegou sua obra de ficção, afirmando que um romance como A Náusea não tem sentido algum quando em alguma parte do mundo há uma criança morrendo de fome. 

Sábato indigna-se com tal postura: “É quase inimaginável que um pensador do porte de Sartre tenha chegado a pronunciar por convicção teórica tal precariedade. E como em alguém de sua honradez intelectual é impossível a demagogia, não resta senão a hipótese sobre a oculta (e para ele culposa) antinomia que existe entre sua visão filosófica e sua militância política. Senão, como explicar de outro modo que um intelecto como o seu não observe que esta tese conduziria não só ao repúdio de um romance metafísico como também à extirpação da arte, da ciência pura e da filosofia em sua totalidade? De que modo pode salvar uma criança, nem tanto a música de Bach mas a teoria de Einstein ou a fenomenologia de Husserl? A aplicação conseqüente do critério sartriano nos obrigaria a renunciar às mais altas atividades do espírito para combater apenas por ideais políticos”.

Quanto ao existencialismo sartriano, Sábato é cheio de dedos. Escreve em Heterodoxia:

“O homem só tem fé no racional e abstrato, e por isso se refugia nos grandes sistemas científicos ou filosóficos; de maneira que quando este Sistema vem abaixo - como mais cedo ou mais tarde acontece - sente-se perdido, cético e suicida. A mulher confia no irracional, no mágico, e por isso dificilmente perde a fé, porque o mundo jamais pode revelar-se mais absurdo do que ela o intuiu pela primeira vez. o credo quia absurdum é feminino, como toda a filosofia existencialista (embora seja feita por homens; por homens, bem entendido, fortemente propensos à feminilidade). Racionalizar o universo e Deus é empresa tipicamente masculina, loucura própria de homens. Por esta razão, não creio no existencialismo de Sartre. Sua chave mais profunda deve ser buscada em seu primeiro romance, em sua náusea ante o contingente e gelatinoso, em sua propensão viril pelo nítido, matemático, limpo e racional. Sua obra filosófica é o desenvolvimento conceitual desta obsessão subconsciente. Este desenvolvimento leva fatalmente a uma filosofia racionalista e platônica”.

Ainda no mesmo livro: “Como a criança teme a escuridão, o homem teme o Caos Universal. (...) Uma vez lá, no refúgio de alta montanha, acabamos por almejar a vida, não obstante ou mesmo por sua sujidade e sua desordem, e assim voltamos do pensamento puro à vida e ao romance. O existencialismo é uma volta ao perigo e não se deve estranhar que suas palavras mais usuais sejam vertigem e angústia”.

Tampouco acredita na sistematização do existencialismo: “Jaspers precedeu Heidegger, Marcel precedeu Sartre. Mas não se acredita senão no sistemático. Por outro lado, sistematizar o existencialismo é tão espantoso como codificar o surrealismo, da maneira como Breton o fez, inaugurando essa espécie de Academia dos Bons Costumes no Inferno”.
IS - Quem é Sábato para Janer Cristaldo?

JC - Foi um bom acontecimento em minha vida. Em Buenos Aires, certo dia, comprei Sobre Héroes y Tumbas. Fui a um bar, creio que na Lavalle com Suipacha, para um "trago largo". Abro o livro e me deparo com a nota policial que abre o livro: um crime e um suicídio ocorridos em circunstâncias misteriosas, frutos aparentemente de um gesto de loucura. Mas certas inferências conduziam a uma hipótese mais tenebrosa, em virtude de um estranho "Informe sobre Ciegos" que Fernando Vidal Olmos havia concluído na noite de sua morte. 

Não interrompi mais a leitura. Mais ainda, comprei todos os demais livros do autor. Passei aqueles dias todos em Buenos Aires, mergulhado na leitura de Sábato. E ainda mais: comprei outros exemplares de cada livro para presentear amigos. 

Em Abbadón, el Exterminador, encontrei esta mensagem jogada ao mar, dirigidas a "un querido y remoto muchacho".

"Te desanimás porque no sé quién te dijo no sé qué. Pero ese amigo o conocido (que palabra más falaz!) está demasiado cerca para juzgarte, se siente inclinado a pensar que porque comés como el es tu igual; o, ya que te niega, de alguna manera es superior a vos. Es una tentación comprensible: si uno come con un hombre que escaló el Himalaya, observando con suficiencia como toma el cuchillo, uno incurre en la tentación de considerarse su igual o superior, olvidando (tratando de olvidar) que lo que está en juego para ese juício es el Himalaya, no la comida. Y por eso tan pocas veces el creador es reconocido por sus contemporáneos: lo hace casi siempre la posteridad, o al menos esa espécie de posteridad contemporánea que es el extranjero. La gente que está lejos. La que no ve cómo tomás el café o te vestis”.

Isso foi em 75. Na época, eu andava um tanto desbussolado. Estava pensando em isolar-me do mundo e cheguei a fazer concurso para trabalhar em um farol na costa brasileira. Escrevia, mas sem muita convicção. Escrevi a Sábato, pedindo permissão para traduzir aquele capítulo de Abbadón. Enviei-lhe junto um artigo que escrevi sobre a descoberta de sua obra. Não tinha muita esperança de resposta. Para minha surpresa, uma semana depois, daquele homem que eu imaginava encerrado em algum hospício, com camisa-de-força, recebi uma afável carta. 

Santos Lugares, 1 de agosto de 1975

Mil gracias, querido y generoso Cristaldo, por su hermosa carta, por sus buenos deseos, por todo. Y además por su artículo en el diário.

Espero que en próxima correspondência me envie algo de lo que escribe, aunque, lamentablemente, mi conocimiento del português es muy precário: puedo leer con pleno sentido um ensayo, pero difícilmente uma obra narrativa, en queel lengua es mucho más rico y sutil.

Lo que recomendo su amigo argentino (“Deixe de pesquisar Sábato e pesquise seu próprio interior”) es válido en algun sentido, no en outro. Entiéndame que no hablo de mi obra, pues podría ser la obra de todos los escritores que sobre usted han tenido y tienen influencia: el conocimiento de uno mismo pasa por el conocimiento de los demás, y particularmente por el de los seres que han ahondado en la condición del hombre; esa es la dialéctica existencial que nos rige y que Kierkegaard expresó diciendo, más o menos: “Más ahondamos em nuestro corazón, mas ahondamos em el corazón de los otros”. Y reciprocamente, cabría agregar. En lo su amigo tiene plena razón es que no debe limitarse a un autor.

Sí, mi obra no es conocida en Brasil. Pues la edición de EL TUNEL está agotada y no se reedito jamás. Y HEROES salió en Portugal. De la edición brasilera nada sé, pues parezco condenado por alguna maldición. Fuera de lo sobrenatural, hay algo muy simple: no pertenezco a ninguna logia o máfia literária, vivo en un Rincón del mundo y no tengo um agente literario como la senõra Carmen Balcells, que promueve casi militarmente las obras del grupo de Cortázar, Fuentes, V. Llosa y G. Márquez. 

Qué le puedo hacer, así es mi destino. Hace tiempo que me he resignado a este destino de soledad, al queyo mismo me he condenado por mi independencia política e por mi resistência a apoyar movimientos de moda, tanto en lo político como en lo literário. Si relee la “carta a un remoto joven” lo comprenderá.

Si usted puede hacer algo para que esa misteriosa editorial brasilera Artenova acelere la edición de HÉROES, le quedaré muy agradecido. Em cuanto a lo que me propone com EL ESCRITOR Y SUS FANTASMAS, le mandaré pronto las pruebas de galera de uma edición totalmente rehecha, que es la que será traducida en algunos países europeus. Mientras tanto, te envio un librito mío como pequeño testimonio de profundo reconocimiento y de afectuosa amistad.

E. Sábato


Fiquei perplexo com a atenção que o escritor me concedia. Ao que tudo indicava, o homem não estava em camisa-de-força. Daí decorreu uma longa amizade, encontros em Santos Lugares, Buenos Aires, Paris e São Paulo. E uma correspondência de meia centena de cartas, de parte a parte. Quando me candidatei a uma bolsa em Paris, decidi que estudaria sua obra. Antes de partir, como tomava um navio em Buenos Aires, fui visitá-lo.

O convite de traduzir toda sua obra ocorreu quando estava em Paris. Comecei comSobre Héroes y Tumbas, retraduzi El Túnel e avancei por Abbadón e seus ensaios. Traduzir um autor complexo como Sábato - pelo menos que diz respeito à sua ficção – é sempre um desafio. Para mim era uma forma de unir o útil ao agradável. Se pretendia desenvolver uma tese sobre o argentino, a tradução me obrigava a lê-lo vírgula a vírgula.

A tradução de Sábato no Brasil teve muitos percalços. Os direitos autorais estiveram em mãos de pelo menos duas editoras, sem que nada fosse publicado. Sábato acabou assinando contrato com a Francisco Alves, do Rio e convidou-me para traduzi-lo. Eu estava terminando a tradução de Héroes, quando o professor Deonísio da Silva, da UFSCAR, me envia uma nota do Jornal do Brasil, que dizia este livro já estar em fase de impressão. Comuniquei-me com Sábato. Sua resposta:

11 de setiembre
Mi querido Cristaldo:

La condición que puse a Editora Alves es que se empleará su traducción o ninguna outra. Estoy esperando ahora la respuesta, pero sin duda será así. Estaremos en Paris desde el 1º de noviembre hasta el 10, em el Hotel d’Isly. Um abrazo muy fuerte y cariñoso para los dos,

E. Sábato


Sei lá que intrigas ocorreram, mas foram conjuradas. Meu orientador jamais ouvira falar nem do autor nem de sua obra. Depois de minha tese, escreveu um livro sobre Sábato e saiu a fazer palestras sobre ele na Europa. Ou seja, contribui um pouco para a educação de meu professor e para uma maior difusão de Sábato no velho continente.

Que representa hoje Sábato para mim? Foi uma boa experiência conhecê-lo, foi um belo desafio traduzi-lo. Foi um interlocutor fascinante e muito me honra ter merecido sua amizade.

IS - Dentro da sua autoridade como tradutor de Sábato, como você compreende a produção literária deste autor, tão marcada pelos seus romances e, no entanto, que produziu muito mais ensaios e críticas do que propriamente Literatura?

JC – É um dos mais importantes escritores latino-americanos, que por muito tempo foi sabotado pelas esquerdas, por ter ousado denunciar o comunismo. Houve época em que, ao falar-se em literatura latino-americana, dizia-se: Borges, Cortázar, Garcia Márquez, Vargas Llosa, etc. E só. Cheguei um dia a perguntar a Sábato se não estava escrevendo com o pseudônimo de Etc.

Tendo escrito apenas três ficções em sua vida, conseguiu um grande momento na ficção latino-americana, com Sobre Hérois y Tumbas. Mas cometeu um grave equívoco em Abbadón, ao fazer o hagiológio de um dos mais frios assassinos do continente, seu conterrâneo Ernesto Che Guevara. Pelo jeito foi uma recidiva de seus dias de marxismo. Em minha tese sobre Sábato e Camus, Mensageiros das Fúrias, dediquei um capítulo a esta parte do livro. Na época, eu considerava que um escritor, uma vez que toma um personagem histórico como personagem, tem todo direito de pintá-lo a seu modo. Hoje, não penso assim. Embarquei no equívoco do outro Ernesto.

Sábato nasceu em 1911, seis anos antes da Revolução de 17, que se pretendia a redenção da humanidade. Em sua juventude, não se tinha conhecimento dos crimes de Lênin e muito menos, mais tarde, dos crimes de Stalin. Estes só começaram a ser conhecidos em meados dos anos 30. Ora, em 1930, Sábato participava ativamente do Partido Comunista argentino.

Em 1934, começam suas discordâncias políticas e filosóficas com o marxismo, o que faz com que os dirigentes do partido o enviem às Escolas Leninistas de Moscou, mas antes deve participar do Congresso contra o Fascismo e a Guerra, em Bruxelas, presidido por Henri Barbusse. Encontra-se com dirigentes do mundo todo e confirma suas suspeitas, que culminam com o começo dos "processos" de Moscou. Decide fugir do congresso e vai para Paris, onde passa o inverno de 34-35 na clandestinidade e na miséria. Rompe com o Partido, que abandona lá por 35 ou 36, por ocasião das primeiras purgas de Stalin. Foi quando desceram do barco Camus, Koestler, Gide, Ignazio Silone, Louis Fischer, Stephen Spender, Richard Wright. Desde então, Sábato tem sido um crítico feroz dos regimes totalitários socialistas.

Foi um homem que viveu as contradições do século que percorreu desde o início. Foi honesto quando passou a militar no Partido e mais ainda quando o abandonou. Sua ruptura: "Enojado com a escravidão moral, intelectual e física que o stalinismo impunha, consciente do divórcio que provocava entre a realidade de nosso país e o regime soviético e, enfim, tendo tomado consciência de que muito pouco restava da teoria marxista na escolástica que se injetava na Rússia, inclusive com tortura e morte, acabei por deixar o movimento pelo qual havia abandonado família, estudos e segurança. Nos quase quarenta anos então transcorridos, jamais reneguei os ideais de justiça social e de liberação nacional, como creio ter provado através de minhas atitudes públicas".

É escritor que não morre. Sobre Héroes é definitivamente um clássico da literatura do continente.
Fonte: http://cristaldo.blogspot.com
 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

13 de abril: Dona Ivone Lara, dama do samba, completa 90 anos

Grande dama do samba no Brasil, Dona Ivone Lara completa hoje 90 anos com um certo desalento em relação à profissão.
Depois de enfrentar desafios como a perda dos pais ainda criança, a luta contra o preconceito ao ser a primeira mulher a compor um samba-enredo e se firmar como nome expressivo na música brasileira, ela se queixa de um desrespeito do mercado fonográfico.
Dona Ivone diz que seus discos não são mais promovidos pelas gravadoras e têm distribuição restrita.
No último trimestre, diz ter recebido R$ 74 reais em direitos autorais pelas músicas executadas no exterior, enquanto está sempre sendo convidada para shows na França, Japão e Alemanha.
Com cerca de 15 canções inéditas, feitas nos últimos anos com seu principal parceiro, Delcio Carvalho, 72, ela não se anima em gravá-las. "Não apareceu nenhuma boa proposta", diz. 

Paula Giolito/Folhapress
A sambista Dona Ivone Lara em sua casa no Rio de Janeiro
A sambista Dona Ivone Lara, que completa 90 anos desiludida com a profissão, em sua casa no Rio de Janeiro

O lamento parte de uma compositora reconhecida nacional e internacionalmente. Suas músicas já foram gravadas por Gilberto Gil, Maria Bethânia e Caetano Veloso.
Composições como "Acreditar" ("A vida foi em frente e você simplesmente não viu que ficou pra trás...") e "Alguém me Avisou" ("Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho...") são presença obrigatória nas rodas de samba.
Para Paulinho da Viola, o que a diferencia é um estilo próprio. "Em termos melódicos, a música é maravilhosa, algo que qualquer grande compositor gostaria de fazer. É uma honra tê-la no cenário musical brasileiro."
Dona Ivone geralmente cria as melodias e seus parceiros fazem as letras. Hermínio Bello de Carvalho diz que certa vez lhe entregou alguns versos e em uma hora já estava pronta a música "Mas Quem Disse que Eu te Esqueço", inclusive com ajustes na letra que ele fez.
"Ela é compositora, instrumentista, e uma tremenda passista. Tudo isto a qualifica para ser a primeira-dama do samba", diz o músico.
Hoje, mesmo com dificuldade de locomoção após ter fraturado o fêmur e se recuperando de uma depressão depois da morte do filho, em 2008, ainda faz shows.
Em parte, esta atividade tem a ver com questões financeiras, já que apenas a aposentadoria como funcionária pública e os direitos autorais não lhe garantem sustento pleno.
Mas também tem a ver com sua incrível vitalidade. "Não me sinto cansada, pelo contrário, se eu não fizer nada é que fico chateada com isto, fico até triste.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/901664-dona-ivone-lara-dama-do-samba-completa-90-anos.shtml

domingo, 27 de março de 2011

27 de março: Dia Nacional do Circo e o Dia Internacional do Teatro


Comemoram-se hoje no Brasil o Dia Nacional do Circo e o Dia Internacional do Teatro.

No dia 27 de março de 1929, quando nem o circo nem o teatro tinham ainda seu dia no Brasil ou fora dele, nossos modernistas festejaram o aniversário de 32 anos do palhaço Piolin com um almoço, no restaurante do Mappin Store. O evento foi chamado de "Festim Antropofágico" e tinha como principal prato o próprio aniversariante. "Vamos comer Piolin!", anunciaram os modernistas. Sabendo que os antropófagos comiam seus inimigos para adquirir suas forças, o ato simbólico de comer Piolin consistiu numa verdadeira consagração ao palhaço. A "aristocrática horda de antropófagos gulosos de quitutes e de glória" incluiu os dois Andrade (o gordo Oswald e o magro Mário), Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Anita Malfati, Raul Bopp, Guilherme de Almeida, Benjamim e Elzie Péret, entre outros. Abelardo Pinto, que depois dessa homenagem, incorporou o nome do palhaço ao de batismo, passando a ser Abelardo
Pinto Piolin, ocupou o espaço que havia sido deixado vago pelo teatro na Semana de Arte Moderna de 1922. E dado que, para os modernistas, o picadeiro era o berço do teatro nacional e Piolin o seu maior ator cômico, eles acabaram, com quatro décadas de antecedência, celebrando ao mesmo tempo o circo e o teatro. E sendo hoje, senhoras e senhores, o Dia Nacional do Circo e Dia Internacional do Teatro, podemos então dizer: Viva o Circo! Viva o Teatro!

Fonte: http://www.crescereviver.org.br

quarta-feira, 9 de março de 2011

Falada por mais de 200 milhões de pessoas, a língua portuguesa é um dos idiomas utilizados oficialmente no MERCOSUL e, por isso, a capacidade de se comunicar nesta língua é um benefício que pode ser aproveitado em um grande número de áreas, especialmente nos âmbitos trabalhista e comercial.

No entanto, a necessidade de dominar este idioma não surge unicamente por uma motivação instrumental.
Estudar português também é fundamental quando se deseja conhecer melhor o Brasil, sua gente e sua cultura.

No Instituto HORIZONTE BRASIL temos essa consciência e, por isso, oferecemos cursos de português e cultura brasileira baseados na Abordagem Comunicativa Intercultural.

Entre em contato conosco (instituto.horizonte.brasil@gmail.com) e venha nos visitar!